Blog do escritor Wilson junior, autor dos guias ''Paris para pão-duro'', "Londres para pão-duro" e "Hotéis para pão-duro" - Versão Europa

Monday, July 31, 2006

Entrevista Domingo

30/07/2006
Europa pra pão-duro
Da Reportagem Local
O Regional

Divulgação

Viajando por 97 cidades européias, Wilson Júnior procurou mostrar, em uma coletânea de três guias e outro livro restrito à Holanda, que é possível conhecer a Europa gastando 50% menos.Surgiram surpresas como hotéis com diárias de 8 euros e restaurantes londrinos onde se pode comer bem por 6 pounds. Sem aloprar na pão-durice, o escritor garante que não incluiu ‘espeluncas’ em seus guias e que é possível se beneficiar do trinômio ‘limpeza-segurança-boa localização’ gastando a metade do que o mercado costuma oferecer.

PERFIL

Wilson Júnior é autor de guias de viagens internacionais e trabalha com viagens econômicas, na Europa, desde 1998.Atualmente, trabalha com turismo receptivo, na França, atendendo brasileiros em Paris.É autor dos livros direcionados a viagens econômicas: “Paris pra pão-duro”, que já está na 14ª edição, “Londres pra pão-duro”, “Hotéis pra pão-duro” e “Madrugada em Amsterdã”.Exemplares dos livros podem ser encontrados na Conexão Turismo


.O Regional - Você desmistifica a viagem à Europa como algo inacessível?


Wilson Júnior - O Brasil, via operadoras de turismo de carteirinha, só mostra para o passageiro as coisas mais caras, porque tem interesse em vender. E eu tento mostrar para o passageiro o que há de melhor e a um custo muito mais baixo do que ele possa imaginar.O Regional - Até quanto mais baixo?Wilson Júnior - O meu trabalho propõe, dentro do que o mercado oferece, 50% mais barato. Tenho um guia de hotéis. Fiz uma viagem de novembro de 2003 a março de 2004, passando por 97 cidades. Saímos de Portugal e fomos até Istambul, na Turquia, percorrendo Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Suíça, Áustria, depois descemos pela Itália, fomos até a Grécia e depois de Istambul, subimos até alguns países da Europa do Leste e fomos terminar na Inglaterra, Irlanda e Escócia. O objetivo era descobrir, por cidades de maior afluência turística, o que havia de hospedagem econômica. Descobrimos hotéis de 8 a 35 euros por cidade. Quando você diz um preço desse, a pessoa já pensa em espelunca. Na verdade esses hotéis eram os melhores hotéis mais baratos, limpos, seguros e bem localizados da cidade. O meu critério não era só um hotel barato. Ele tinha que atender a um trinômio complementar: higiene, segurança e boa localização. Parti do princípio que o que mais pesa para o viajante com pouco dinheiro é o custo com hospedagem. As passagens podem ser financiadas - o mercado oferece ótimas condições. Para economizar na comida, é possível se virar. Em cada esquina você encontra suas tortillas da vida. Agora, preço de hotel é algo que pesa todo dia. E quanto mais ao norte, na Europa, mais caro. Em cidades como Copenhagen, os melhores hotéis mais baratos, limpos, seguros e bem localizados, são hostels

O Regional - Que seriam os nossos albergues?


Wilson Júnior - Sim, embora o nosso conceito de albergue aqui não seja o mesmo de lá, o verdadeiro hotel da juventude, o hotel do aventureiro. Às vezes eu falo em albergue aqui, o pessoal acha que é aquilo que a Prefeitura monta, para indigente. O que é um engano. Hoje, você tem, nesses hostels, áreas de entretenimento interno, sala de jogos, área para café, jardim de inverno, locais onde as pessoas se reúnem para trocar idéias. Um dos melhores hotéis mais baratos de Paris, que é um pouquinho mais caro do patamar que eu te falei (diária de 53 euros), é um hotel com cara de cinco estrelas, e lá você tem dois restaurantes, 20 salas de reunião, espaço para happy-hour, onde todo dia, final de tarde, há apresentações de músicas medievais. E só o albergue te proporciona essa convivência com pessoas de outras culturas


.O Regional - Quando foi lançado seu primeiro trabalho?


Wilson Júnior - Em 1998, na Copa do Mundo da França. Foi o livro “Paris pra pão-duro”. Em seguida lancei o “Londres pra pão-duro” e o “Hotéis pra pão duro, versão Europa”. Lancei também o “Madrugada em Amsterdã” e agora vem aí o “Madri pra pão-duro”.



O Regional - Qual a dica para economizar nas viagens entre uma cidade e outra?



Wilson Júnior - De Madri a Paris de ônibus é possível gastar o que se gastaria de São Paulo a Presidente Prudente, em tempo de viagem, a um custo aproximado de 120 dólares, ida e volta. Se fosse de trem, ficaria de 20% a 30% mais caro. De Madri para Paris, de avião, pela Easy Jet, é possível encontrar passagens até por 30 euros. No trajeto Roma-Londres eu paguei 29 euros

.O Regional - Mas você comprou a passagem com quanto tempo de antecedência?


Wilson Júnior - Com mais ou menos 90 dias de antecedência. Quanto antes você planeja, mais a sua viagem se torna econômica


.O Regional - Pela praticidade dos livros e por tratarem de preços, você atualiza a informação dos teus livros?


Wilson Júnior - Periodicamente. O “Paris pra pão-duro” já está na 14ª edição. Neste livro é possível encontrar toda a agenda anual de eventos de Paris. Nada no meu livro é de ontem. Quando nasceu o “Paris pra pão-duro”, estourou no mercado porque foi lançado na época da Copa do Mundo da França, pra ajudar o brasileiro que estava indo pra Copa gastar menos. Minha preocupação foi encontrar uma linguagem acessível a todo tipo de leitor, tanto para o passageiro intelectualizado quanto para aquele que nunca havia lido livro cultural algum. E mais um detalhe: nada de listas quilométricas de informação. Outros guias fazem isso de uma maneira muito melhor do que a minha, são geniais. O meu trabalho é propor dicas específicas do melhor e mais barato. Nada de listas quilométricas para confundir a cabeça do passageiro. Meu público é o que tem pouco dinheiro e quer gastar com qualidade

.O Regional - Praga, uma capital linda e baratíssima para os padrões europeus, está incluída no teu guia?


Wilson Júnior - Praga realmente é uma das cidades mais baratas da Europa. No meu guia de hotéis, achei hotéis em Praga por 9 euros a diária, no centro histórico, perto da casa do Franz Kafka.


O Regional - Qual é o cúmulo da pão-durice?


Wilson Júnior - O que eu vi muito foi aquele cara que estava em Londres, e de repente ele queria seguir pra Madri, sem dormir em hotel, passando a noite na estação de trem ou na estação de ônibus. Só não dormia na praça porque no frio poderia ter um problema pulmonar. Mas é aquele que gosta de dormir em rodoviária, que chamamos de “rato de rodoviária”, aquele cara que só come em supermercadinho o tempo todo. Um fato que aconteceu muito na Espanha permite ilustrar bem o cúmulo da pão-durice. Lá tem as famosas tapas, aqueles canapés, petisquinhos. E de bar em bar é possível provar tapas gratuitamente. O cúmulo da pão-durice do brasileiro é ficar andando de bar em bar comendo tapa de graça e depois de muitos bares já estar com a barriga cheia. Tem várias situações do gênero, mas o meu critério de viagem econômica não é esse. Meu critério é economizar, mas de maneira sensata, sem loucura.

O Regional - O que vale a pena pagar mais?


Wilson Júnior - Vale a pena pagar um pouco mais em tudo aquilo que possa te agregar um valor pessoal transformador. Por exemplo, estando em Paris, ir num bom espetáculo, conhecer um Moulin Rouge é interessante pra você conhecer o que é o verdadeiro can-can. Ir pra Paris pra comprar grife italiana é besteira. Ir pra lá pra fazer compra é ser um sacoleiro internacional. Acho que tem que ir pra comer bem, se divertir e aproveitar a cultura gratuita desses lugares. Em Paris, vários museus são gratuitos no final de semana.


O Regional - Qual a dica mais importante pra quem quer economizar na viagem?


Wilson Jùnior - Tudo começa com planejamento. Primeiro, escolher um bom agente de turismo, que tenha uma boa relação com você, pra entender o teu orçamento pra viagem. Ele tem que estar dentro do seu paradigma e não o contrário. Depois, pesquisar tudo que tiver direito, ou seja, antecipar todas as possíveis adversidades que possam acontecer


.O Regional - E o seguro de viagem?


Wilson Júnior - É uma coisa muito importante. Imprevistos acontecem. O que o governo inglês, por exemplo, proporciona para o estrangeiro em termos de assistência médica são só emergências. Mas podem acontecer mil coisas, você perder seu dinheiro, pode ter uma dor de dente, pode ter uma apendicite, uma cólica renal. Eu acho que o seguro-viagem não é uma imposição, é uma antecipação de um problema que pode custar mais caro posteriormente. Hoje existem ótimos seguros de viagem muito baratos. Não se pode ficar tutelado ao que o país pode te oferecer lá, porque eles não querem gastar com você, por isso que não querem que você vá trabalhar lá. Eles são capitalistas, querem te vender. A Europa está se fechando muito pra todo não-europeu. Hoje, o país com melhor receptividade para com o não-europeu é a Holanda, que tradicionalmente é um país que adotou deserdados, exilados, refugiados e malucos do mundo inteiro vão pra lá. São super permissivos, parece um outro planeta. Um país com toda aquela liberdade, paraíso do sexo e das drogas, ter um índice de criminalidade próximo de zero! No ano passado, teve um assassinato no país todo

Acesse o link abaixo, para ler matéria no Jornal Regional de Catanduva, de 30 / 07 / 2006, sobre os trabalhos de Wilson Junior, em relação a Europa:
http://www.oregional.com.br/detalhe_noticias.php?codigo=16672